Carinho, gratidão, conforto, esperança. Essas são algumas das palavras que familiares de pacientes internados com Covid-19 definem as experiências com as visitas virtuais na BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. Desde a implementação do serviço nas unidades da instituição em março do ano ado, todas as visitas seguem um protocolo de segurança e também as diretrizes da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), tanto na UTI quanto nos leitos de internação.
Para ter o ao serviço, uma equipe de médicos, terapeutas ocupacionais e psicólogos avalia a condição do paciente para se comunicar e os critérios clínicos de elegibilidade. Além de serem realizadas por demanda dos familiares, os contatos também ocorrem na pré-intubação, no pós-intubação e também nos momentos terminais como forma de organizar o pensamento do paciente, favorecer a comunicação com a família, diminuindo possíveis angustias, além de proporcionar acolhimento espiritual. “São momentos de muita emoção, que representam o risco de uma quebra de vínculo”, observa a fisioterapeuta Lígia Junqueira, coordenadora da equipe de Terapia Ocupacional da BP.
São inúmeras as histórias de humanização a cada visita realizada. E foi justamente em uma delas, logo depois de sair do coma, que o paciente Márcio Rolin conversava com a esposa Mila e contava para a terapeuta ocupacional da BP que tinha 4 filhos. “Na hora a esposa alertou que eram apenas 3, mas ele rebateu e afirmou que eram 4 e que bastava olhar para a esposa”, lembra a fisioterapeuta Lígia. Pouco tempo depois a esposa Mila fez o teste de gravidez que confirmou a gestação. “Eu já sabia”, diz Marcio, festejando a chegada da caçula Luísa Fernanda, que nasceu em dezembro de 2020.
Para as visitas virtuais, a BP disponibiliza notebooks com câmeras e microfones especiais para captar a voz às vezes não tão potente dos pacientes. Já os familiares devem baixar um link para o à visita virtual e não é autorizada a gravação do contato, seguindo as normas da LGPD. Todos os familiares fazem uma pré-entrevista com os terapeutas ocupacionais da BP para entender o cenário do paciente, receber o acolhimento e estarem mais tranquilos para o contato.
“Com esse recurso conseguimos diminuir a distância do isolamento da família com o paciente, o que certamente ajuda muito no fluxo de comunicação da UTI e diminui a angústia dos envolvidos”, afirma a médica Viviane Veiga, coordenadora da Unidade de Terapia Intensiva da BP. Desde o início da pandemia, já foram realizadas mais de 1.500 visitas virtuais nas diversas unidades da BP.