De 20 a 22 de maio, o Congresso de Reabilitação lançará foco sobre o papel estratégico da certificação para a qualidade e segurança da reabilitação sobre vários aspectos, como o cuidado centrado no paciente, as competências profissionais exigidas em modelos de reabilitação, a expansão da telerreabilitação, programas comunitários de inclusão pelo esporte e os protocolos para o tratamento de feridas e úlceras. No último dia, o programa destacará a importância do conhecimento dos princípios físicos e de engenharia para a reabilitação e os avanços da robótica e dos vestíveis na promoção da saúde.
O encontro integra a programação da 30ª Hospitalar, o mais importante evento de saúde e a principal plataforma de geração de negócios e networking do setor na América Latina, a ser realizado entre os dias 20 e 23 de maio no São Paulo Expo, em São Paulo. O congresso tem coordenação científica da médica Linamara Battistella, professora titular de Medicina Física e Reabilitação/Fisiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e idealizadora da Rede de Reabilitação Lucy Montoro. As inscrições podem ser feitas pelo endereço Link.
Certificação – qualidade e segurança no cuidado do paciente
Os dois dias iniciais do congresso serão dedicados ao modelo CARF International, uma das mais tradicionais entidades de certificação do mundo, fundada em 1966, nos Estados Unidos. De lá para cá, a CARF já credenciou 68 mil programas e serviço de 9.500 prestadores de serviços em mais de 31 mil localidades.
Sob o tema “Qualidade e Segurança na Jornada do Cuidado em Reabilitação – Boas Práticas e o Modelo CARF Internacional”, um fórum vai ressaltar os desafios do cuidado centrado no paciente, o papel da regulação na reabilitação precoce e as competências profissionais exigidas para a atuação em modelos de reabilitação acreditados.
Segundo a médica Linamara Battistella, uma unidade de reabilitação candidata à certificação não pode se limitar ao tratamento da doença neurológica. “É preciso entender a dor musculoesquelética, verificar a existência de um agravo neurológico ou dor grave”, afirma a especialista. “Os profissionais de saúde envolvidos precisam olhar um espectro grande de ações que chegam no centro de reabilitação para então diagnosticar e tratar”, complementa.
Neste particular, o programa chama a atenção para o impacto dos determinantes sociais do paciente na reabilitação. Num país com grandes disparidades como o Brasil, os profissionais de saúde precisam se inteirar das condições socioeconômicas das pessoas atendidas a fim de realizar adequações necessárias no tratamento para obter o desfecho desejado.
O sucesso de programas comunitários que usam o esporte como ferramenta de inclusão também será abordado neste fórum. Mais do que servir para a integração da pessoa reabilitada num novo núcleo social, o esporte tem a finalidade terapêutica de melhorar a saúde física e mental do indivíduo. O contará com a participação do presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (B), Mizael Conrado e do gerente médico Thiago Rocha Alves Duarte, da unidade de Mogi Mirim da Rede Lucy Montoro, onde o programa é executado com muito êxito, graças à certificação.
O fórum abrirá espaço para a expansão do serviço de tele reabilitação no pós-pandemia. Esta solução tecnológica, se tornou uma ferramenta importante principalmente para pessoas com deficiência, que já têm dificuldade para ar um meio de transporte e contar com um acompanhante.
“Desenvolvemos um conhecimento sobre a abordagem do paciente, a demonstração dos exercícios e das correções de atividades de reabilitação. Essas atividades são importantes porque o processo digital não pode ser diferente daquele realizado de forma presencial”, explica Linamara Battistella. Segundo ela, o Hospital das Clínicas desenvolveu protocolos de tele reabilitação, com recursos do Banco Mundial, que agora estão sendo certificados.
A reabilitação de pessoas com câncer será tema de um específico, tendo em vista o crescimento de pessoas que convivem com a enfermidade de forma crônica. “A reabilitação tem um impacto muito positivo sobre o paciente oncológico, porque é capaz de evitar recidivas”, declara a coordenador do congresso. No entanto, ela ressalta que o sucesso do tratamento depende de o profissional de saúde seguir protocolos certificados.
O que a física e a engenharia têm a ver com a reabilitação?
Assim como a química está intimamente ligada aos medicamentos farmacológicos, a física está associada à reabilitação. “Para reabilitar uma pessoa é preciso conhecer o funcionamento do corpo humano do ponto de vista da física e entender como a engenharia pode ajudar neste trabalho”, pondera a médica Linamara Battistella. Por isso, o congresso será encerrado com o “Fórum Engenharia da Saúde: integrando funcionalidade e inovação para o bem-estar”.
Na primeira parte do programa o médico fisiatra Donaldo Jorge Filho vai explicar o impacto mecânico dos sapatos com saltos. A perna possui duas alavancas: uma vai do quadril ou joelho e outra, do joelho ao tornozelo. O uso do salto modifica o funcionamento dessas alavancas. Contribui para encurtar a musculatura da panturrilha, porque a pessoa coloca mais peso no antepé. Com o ar do tempo, a pressão pode causar dor e até artrose.
Um sobre robótica encerra a programação. Neste espaço, serão apresentados os bons resultados do uso do exoesqueleto no tratamento de pessoas em reabilitação. “Esse aparelho reduz o tempo de tratamento, engaja o paciente no tratamento, provoca mudanças cardiorespiratórias e cerebrais, levando a pessoa a ter mais apetite, dormir e falar melhor”, observa a médica.
Hoje a Rede Lucy Montoro possui cinco exoesqueletos importados, que são utilizados pelos pacientes com lesão medular. Paralelamente, a entidade está desenvolvendo junto com a Escola Politécnica da USP o projeto para um exoesqueleto made in Brazil. “Exoesqueleto de hoje é como uma bicicleta ergométrica, deve ser usada regularmente. Por isso, precisamos um equipamento nacional para que mais pacientes usufruam de seus benefícios”, conclui Linamara Battistella.